domingo, 26 de junho de 2016

De coração para coração (parte I)

Qualquer relacionamento, para sobreviver e dar frutos, precisa de ser alimentado. O coração precisa de ser regado.
Existem várias estratégias para criar e estreitar as relações e, se consideram que têm relacionamentos de sucesso, é muito provável que algumas delas já as utilizem, mesmo sem dar conta, sem pensar, quase que de uma forma inata.
Qualquer relação é construída e é um processo com altos e baixos, avanços e recuos, proporcionando momentos de aprendizagem e enriquecimento pessoal e interpessoal. A propósito disto, um dos lemas que adoptei recentemente foi "connect then correct". Porque faz todo o sentido!
Quem é que gosta de ser "corrigido", criticado por alguém que não lhe diz nada, ou até por quem não tem grande ligação e empatia? Se já é tão difícil ouvir coisas negativas sobre nós, quanto mais se isso vier de alguém com quem não temos grande ligação. Quanto mais ligados estivermos a determinadas pessoas, mais facilmente aceitamos o que têm a dizer sobre nós, sobre o nosso comportamento ou atitude, pois à partida saberemos e, sobretudo, sentiremos que o dizem para nosso bem. Claro está que, além da ligação, uma boa capacidade de comunicação e empatia contribuem muito para uma dessas conversas mais difíceis.

Pensando na parentalidade, quanto maior o vínculo entre pais e filhos, maior a probabilidade destes ouvirem os primeiros e de se deixarem orientar e corrigir. Se os ânimos estiverem exaltados e desatarmos a "ralhar", numa tentativa de corrigir os comportamentos da criança, mais dificilmente conseguiremos que elas cooperem connosco. Na verdade, se a criança ou jovem está a fazer uma daquelas birras, ou simplesmente está a "fazer finca pé" connosco, se optarmos por nos ligarmos a ela primeiro, será depois mais fácil de a corrigir. Para isto é necessário que o adulto saiba manter a calma ou aprenda a controlar-se, transmitindo segurança e confiança à criança e, sobretudo, permitindo falar de coração para coração. Há várias estratégias para isto e já muita tinta tem corrido a descrevê-las. Posso dizer que costumo pôr em prática algumas delas (nem sempre consigo, infelizmente, mas esforço-me): dizer que EU preciso de um abraço ou de um beijinho. "Porquê?", pergunta a criança, porque estou a ficar um pouco zangada e, como ela é muito importante para mim,  só isso me vai ajudar a acalmar. Usar o sentido de humor e fazer cócegas também costuma resultar. O importante é não incendiar e não desatar a criticar a criança.
No dia-a-dia há rotinas que ajudam muito a alimentar o vínculo entre pais e filhos. Aqui estão três exemplos:
  1. Bom dia alegria! Acordá-los individualmente e adoptar desde cedo um discurso positivo e motivador (porque hoje é um dia especial, ou porque vai haver uma actividade que gostam muito, ou porque têm uma bela toilette para vestir, ou porque está um dia de sol maravilhoso). Este acaba também por ser um momento especial e único entre pais e filhos, mesmo que por breves minutos (não é isto que faz atrasar para o trabalho... Quando os pais apreçam tudo e todos é que as coisas correm mal, fica tudo mal disposto e sem vontade de cooperar... Isto sim, atrasa e dá mau humor matinal).
  2. Todos à volta da mesa! As refeições em conjunto são momentos por excelência para haver diálogo e partilha e, consequentemente, podermos alimentar relações. Mesmo quando as crianças são pequenas e até se opte por dar-lhes de comer primeiro, os pais poderão dedicar-lhes nesse tempo toda a atenção que elas merecem e precisam. Claro que por vezes a hora de refeição também é momento de tensão, mas nada como "connect then correct". Se isto acontecer, em princípio, as coisas correrão melhor.
  3. Toca a dormir! À semelhança da hora de acordar, a rotina do deitar pode ser também um momento especial entre pais e filhos. Bastam uns 10-15 minutos, para partilhar o que ainda não partilharam, para dizer "gosto muito de ti", para desabafar uma preocupação ou uma alegria. E aquele aconchego final é um toque de magia! Sei que nós pais também estamos mortinhos pelo "nosso" sossego, mas a diferença está em pensar "eu quero deitá-los e dar-lhes o aconchego final", em vez de "eu tenho de...". Na verdade, esta substituição de palavras "eu tenho de" por "eu quero" (porque o tempo passa rápido e eles crescem depressa) faz toda a diferença, dá-nos um poder e motivação excepcional e ajudam a ultrapassar momentos e situações em que parece que já não temos força nem vontade, tal é o cansaço do dia-a-dia.
O segredo está sempre na forma como gerimos as nossas próprias emoções e como reagimos às dos outros. Em relação às emoções dos outros, há que saber escutá-las verdadeiramente e acolhê-las, para que o outro se sinta verdadeiramente compreendido.

sábado, 4 de junho de 2016

It´s all about feelings!

 

E eu diria mais... não são divergências políticas, religiosas, de trabalho, familiares ou desportivas que causam mais discussões e conflitos, são sim os sentimentos, a forma como cada um os gere. É a chamada auto-regulação, que é tão importante para se conseguir manter uma visão mais clara das coisas e uma comunicação mais eficaz, sem tanto ruído. Se as pessoas se sentem ofendidas, erguem muros defensivos à sua volta e tornam-se ofensivas. A auto-regulação, aliada à capacidade de se ser empático, ajuda a criar um mundo melhor! :)